Pra publicar este aqui tive que desalinear mais ainda. Gente, não precisa comentar. Rsrs.
Diferente das outras garotas
-Deixa eu ver? – Insistiu, com avidez pré-adolescente.
- Já disse que não.
- Deixa vai?
- Não. Não gosto deles.
- Por que não gosta?
- Porque é diferente das outras garotas.
Ficou em silêncio. Não porque tinha desistido. Ficou foi imaginando como ela poderia saber como eram os das outras garotas. De repente, um extremo calor invadiu seu corpo, e ele teve vergonha de seus pensamentos. Vendo, entretanto, que ela não tinha percebido seu constrangimento, bem como não podia adivinhar o que estava pensando, voltou a insistir. Dessa vez, sem muita vergonha.
- Diferente como?
- Ora, diferente é diferente. Vai dizer que nunca viu um antes?
- Já, claro. Vários. – Respondeu quase sincrônico à pergunta.
Nunca tinha visto. Não assim, pessoalmente. Uma vez, surrupiara uma revista do barbeiro do bairro. Desde então, fugia do tal como o diabo da cruz. E alegava para mãe, com atestado de perito, que o sujeito não era lá muito bom de corte.
Guardava como relíquia a Denise Dumont embaixo do colchão, esconderijo brilhante que a mãe descobriu, sem grande dificuldade. A mãe foi logo se queixar com o pai, e o pai mal conseguiu esconder um meio sorriso no canto do rosto.
A mãe insistiu que o filho era precoce, influenciado pelo pai e pelos tios, irmãos dele. O pai alegou com maldade que antes assim que influenciado pelos irmãos dela, que nunca se casaram. A mãe entrou para o quarto chorosa, e não rendeu discussão. Já a Denise Dumont não opinou, permanecendo calada embaixo do colchão.
O certo é que nesse momento, o filho puxava na memória, sem grande dificuldade, como eram os da Denise Dumont. Não foi muito difícil lembrar, já que folheava as páginas diariamente, às vezes até mais de uma vez por dia.
Subitamente, disparou empolgado, arrependendo-se em seguida da pergunta.
- O que tem de errado com eles?
- Não tem nada de errado com eles!!! – Esbravejou com grosseria pré-menstrual.
- Então o que?
- Já disse. É algo que não tem no das outras.
E como ele desejou nesse momento ter visto o das outras. O tamanho não era nada mal, até bem padrão. De repente, uma luz tomou conta dele, fazendo com que acreditasse ter desvendado um grande mistério.
- Já sei o que é.
- Sabe nada.
- Sei sim.
- Então o que?
- É machucado – alegou com ingenuidade.
- Não é.
- Então pinta grande, cicatriz.
- Também não.
E terminou aí toda sua criatividade sherlockiana.
- Aposto que está pensando que são caídos, mas não são, tá? São durinhos e empinados.
Não tinha pensado nisso, mas gostou do que ouviu.
- Como são o das outras? – Tentou ser astuto.
- Aposto que nunca viu um.
- Já sim.
- Aposto que não.
- E se não tivesse visto?
- Te mostrava.
Como assim te mostrava? Por que ela não tinha dito isso antes? Sem pensar duas vezes, confessou.
- Tá. Eu nunca vi.
- Mentira.
- Como sabe?
- Tá falando isso só pra eu te mostrar.
E nesse momento ele entendeu porque o tio Jaime dizia que as mulheres eram tão complicadas.
- É verdade. Nunca vi.
- Jura?
- Unhum.
- Jura por sua vida?
- Juro.
Juraria até pela dela, pela avó já falecida, pelo criado-mudo do quarto. Pela vida de qualquer um estaria jurando.
- Então promete uma coisa?
- Prometo.
Não sabia o que, mas já estava prometido. Jurado e selado com seu próprio cuspe, se assim ela achasse necessário.
- Se eu te mostrar, promete que nunca mais vai ver os de ninguém?
- Prometo. Aliás, juro – respondeu, não querendo deixar margem para dúvida.
- Deixa eu ver se não está cruzando os dedos.
Vendo então que os dedos estavam bem abertos, levantou rapidamente a blusa e abaixou em seguida. A cena durou 3 segundos de relógio, mas a imagem ele registrou na mente com precisão fotográfica. A promessa ele não cumpriu. Com o passar dos anos viu vários. Entretanto, uma coisa ela tinha mesmo razão: era mesmo diferente das outras garotas. E continuou sendo.
Nossa! Muito foda o conto. Me levou de volta pra época em que nunca tinha visto um. =)
ResponderExcluirMuito bom mesmo e lembra demais a época em que nunca se tinha visto um
ResponderExcluirShow! Também me lembrou da época que eu nunca tinha visto um! XD
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