segunda-feira, 10 de maio de 2010

Garçom, por favor.

Sempre achei que eu poderia descobrir tudo que eu quisesse sobre um homem marcando um encontro num restaurante.

O primeiro se sentou antes de mim. Chamou o garçom por “amigo”, “descolou” o “cardápio”, pediu uma porção de fritas e mandou vir “no capricho”. Descolado demais.

O segundo esperou eu me sentar. Chamou o garçom por “garçom” e pediu o “menu”. Escolheu um prato que parecia muito bom. Ia bem, até que mandou substituir o bacon pelo queijo, o milho pela ervilha, e como era alérgico a azeitona, mandou compensar com o dobro do queijo. Democrático demais.

O terceiro não queria o prato principal. Só os petiscos, e as bebidas. Boêmio demais.

O quarto puxou a cadeira para mim. Chamou o garçom com um aceno de mãos. Pediu o menu. Escolheu por nós dois. Seguro demais.

O quinto perguntou onde eu queria me sentar e se já podia chamar o garçom. Pediu que eu escolhesse pra ele. Inseguro demais.

O sexto deixou o melhor lugar para que eu me sentasse. Chamou o garçom de “chefe”. Subordinado demais.

O sétimo puxou a cadeira pra mim, e me apertou contra a mesa na hora de voltá-la. Perdi o fôlego. Em seguida, confundiu o garçom com o cliente. Derramou vinho no meu prato. Desastrado demais.

O oitavo não puxou a cadeira pra mim e nem chamou o garçom. O oitavo não foi.

O nono fez reserva e puxou a cadeira pra mim. Não esperou o garçom. Se levantou e pegou os menus. Perguntou o que eu queria. Proativo demais.

O décimo fez com que eu esperasse por ele. Chegou atrasado, sem se desculpar. Chamou o garçom por “psiu” e quis que eu adivinhasse o que ele ia pedir. Narcisista demais.

O próximo pediu pra que eu trocasse de lugar com ele, porque estava com dor nas costas. Em seguida, pediu que eu chamasse o garçom. Reclamou da decoração. Afeminado demais.

O penúltimo se sentou ao mesmo tempo que eu. Chamou o garçom de “campeão”. Pediu o menu, reclamou dos preços, não pagou os 10%. Duro demais.

E o último: este eu não fui.


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